Pedranegra - Capítulo I

De Darius Hinks. Original aqui (ePub) e aqui (Mobi).

A nave atravessou a noite, pintando um rastro brusco através dos destroços - mergulhando e arremetendo, desgovernada como um ébrio, lançando fogo de sua proa. Lutava incansavelmente para encontrar uma rota. Enfrentando as correntes. Dançando através dos naufrágios. Recusando-se a morrer.

Draik observou o monitor por algum tempo, casualmente recostado em uma viga retorcida, dando breves tragos em sua piteira. Quanta esperança, pensou. Sabia das chances da nave, que ainda assim perseverava, ostentando as cores dos mercadores livres em sua travessia, e deixando um rastro flamejante entre leviatãs despedaçados.

O homem subiu pelo alçapão de acesso até uma varanda; podia ver grande parte do Precipício dali. Parecia mais um naufrágio atroz, vagando através das estrelas, mas a confusão de pontes e passarelas tornava a visão do local algo mais intenso. Naves de todos os cantos da galáxia conectadas em seus ancoradouros, carbonizadas e famintas, assim como seus capitães. O Dromeplatz pairava sobre os navios, um olho ensanguentado observando a conjunção de sondas e naves de desembarque.

Luzes brilharam quando a nave mercante cortou uma fuselagem à deriva. Esta manteve a trajetória por alguns segundos, então dissolveu-se em fumaça e cinzas, derramando-se sobre os campos de força de Precipício em um uivo fantasmagórico.

"Nossa natureza é ambiciosa, Isola", ele disse, balançando a cabeça, pensativo. Sua ajudante estava em um dos pórticos inferiores, arrastando-se em sua direção acompanhada por seus sussurros sombrios. Ele ofereceu-lhe a mão.

Sob os pés irrequietos de Isola estendia-se a rota principal que atravessava o Emaranhado - uma passarela improvisada, construída a partir das estruturas de naves saqueadas. A passagem estava tomada por detritos, humanos e mecânicos, cobertos pela escuridão. Os globos e fitas luminosas foram há muito destruídas, então a única luz provinha do olhar distante do Dromenplatz, um eterno crepúsculo oscilando no horizonte e tingindo o Emaranhado de vermelho. O ar sob os escudos era conspurcado pela fumaça das máquinas e exaustores de reciclagem. Ardia aos olhos, queimava a garganta e envolvia tudo em um mormaço tóxico. Precipício era uma floresta de torres despedaçadas, efêmeras e fumegantes, como um incêndio moribundo.

"Obrigado", disse Isola, subindo na varanda. Recobrou o fôlego, sacudiu a cabeça e disse, "Capitão, estamos aqui há sete horas. Seria a melhor maneira de aproveitar o tempo que te resta? Devemos partir em uma semana - a menos que haja algum progresso real". Ela estudou o cenário logo abaixo com seu rosto juvenil, olhos atentos e o cabelo preto penteado para trás. Usava um uniforme meticulosamente engomado, e a habitual expressão de censura.

Draik removeu uma das luvas e cofiou o longo bigode. Olhou além dos campos de força, encarando o espectro responsável por tamanha desolação. Além da confusão de passarelas remendadas e naves esfumaçadas de Precipício, as revoluções do céu dissipavam-se, consumidas por uma muralha de nada. Poucos eram capazes de olhá-la diretamente. A Insondável. A Abissal. A Profunda. A Fortaleza de Pedranegra.

O Capitão continuou a encarar o sombrio monólito, tentando identificar algo sólido - algo real. Seus olhos percorreram inutilmente ângulos e sombras, vislumbrando ideias e possibilidades, mas nada que pudesse recordar no instante seguinte. A fortaleza encarou de volta, maligna e inescrutável, em zombaria. O forte era do tamanho de um planetoide, Precipício sua lua improvisada; e aqueles que por ali perambulavam jamais afirmaram compreender Pedranegra. Inúmeros boatos cruzaram as Fronteiras Ocidentais - histórias sedutoras sobre os tesouros encerrados em seu interior. Mas os poucos capazes de sobreviver ao cinturão de estilhaços logo perceberam que o mistério só aumentava. Pedranegra guardava bem os seus segredos.

Draik vestiu a luva e estapeou a viga, erguendo nuvens de ferrugem. "Gaulon disse para procurar aqui, no Emaranhado".

"Gaulon é um bêbado, e um mentiroso".

"Mas não um tolo. Ele sabe que eu iria atrás dele caso mentisse".

Isola meneou a cabeça. Havia um pequeno cogitador pendurado em seu braço - uma caixa de cobre coberta por fileiras de teclas. Percorreu seus dedos sobre elas, e o dispositivo ganhou vida. Ponteiros oscilaram nos visores luminosos, válvulas chiaram, mecanismos rangeram. Ela encarou as telas. "Procuramos por todo o distrito, Capitão. Duas vezes".

Draik sacudiu a piteira sobre o Emaranhado, iluminando-o com as cinzas. "As pessoas não vêm aqui para serem encontradas".

"Capitão, estamos aqui há três meses. Nossa permissão há muito prescreveu". A expressão de Isola se atenuou. "Admito que algumas vezes pareceu que estávamos perto de algo, mas o que realmente conseguimos? Fomos longe demais nesta empreitada. As instruções de Sua Senhoria foram claras - retornar ao Aglomerado de Curensis e concluir as negociações com os Tann-Karr. Há uma fortuna nos esperando lá. É hora de partir. Vamos esquecer Precipício. A Fortaleza Pedranegra não é o único espólio da galáxia".

Draik nada disse, observando novamente com o operculum; seu olho humano refletia as centelhas dos campos de força, enquanto seu olho biônico refletia o brilho vermelho do Dromeplatz.

Isola parecia aflita. "Mesmo que você seja capaz de desvendar tal mistério, nada garante que isto mude sua situação".

Draik olhou para Isola e deu mais baforada em sua piteira. Oficialmente, ela era sua assistente, mas ambos compreendiam seu papel: ela estava ali para mantê-lo na linha, e contatar sua família se não fosse o caso. Sua lealdade estava com a Casa Draik, e não com o filho rebelde. Ela era rígida, meticulosa e desnecessariamente honesta. Draik gostava dela.

"Estou no meio de algo, Isola".

"Você descobriu um nome. Não é o mesmo que ter uma resposta".

"O Cofre de Ascuris. Precisamos encontrá-lo".

Isola suspirou e desligou o cogitador. "Temos nossas ordens, Capitão. Enviei missivas a Sua Senhoria avisando que estamos prontos para retornar à Draikstar".

Draik segurou a amurada até seus dedos ficarem dormentes.

"Perdemos cinco homens em nossa última tentativa", disse Isola. "E saímos de mãos abanando. Não há indícios de estarmos perto do cofre".

"Desta vez, eu tenho um pressentimento, Isola".

Ela fechou os olhos, desesperada. "Quantas vezes você disse isso?"

Draik ia responder, mas um ruído inesperado o interrompeu; ele ergueu a mão, pedindo silêncio.

Uma gargalhada rouca ecoou pelas sombras.

"Nem todos estão se escondendo", disse Draik.

Ele segurou os corrimões e escorregou escada abaixo para a passagem inferior, caindo agachado; sacou a rapieira e encarou o túnel adiante.

Haviam homens perambulando a passagem, chutando os detritos e gargalhando. Mesmo com toda a fumaça, Draik podia ver o quanto eram sujos e desgrenhados. Gritavam e arrotavam enquanto se aproximavam, armados com machetes e pistolas.

Ele agarrou um cabo próximo e desceu ao nível da rua para ver melhor. Uma grande e pitoresca forma se arrastava adiante, cambaleando próxima ao solo. Um animal ferido de algum tipo. Eles jogavam-lhe lixo e zombavam enquanto a criatura tentava se arrastar para longe.

"Capitão", chamou Isola do topo da amurada, mas já era tarde. Draik já fora na direção deles.

A gangue parou. Sua risada silenciou quando se viraram com as armas em riste, enquanto Draik se aproximava sob as luzes avermelhadas.

"O que é isso?", rosnou um homem de moicano, franzindo o cenho e movendo a cabeça como um cão farejando o ar.

A despeito da ferocidade em sua voz, era claro que Draik perturbara o sujeito; Draik marchou arrogante sobre os escombros, examinando os homens de cima a baixo. Ele sorriu de suas vestes esfarrapadas, como se observasse um inseto que caminhasse sobre seu desjejum. As luzes do Dromeplatz percorreram sua rapieira e foram refletidas pela prótese ocular. Draik claramente não era do Emaranhado; usava uma casaca militar luxuosa, bordada com fio de ouro, calças imaculadas com detalhes em prata. Mas pareceria aristocrático mesmo em frangalhos. Tinha a face de uma estátua Imperial: orgulhosa e imponente, sorriso largo e bigode engomado.

"Capitão Draik, ao seu dispor", disse com uma reverência.

O grupo o encarou por um momento, surpreso com a formalidade. Então gargalhou.

"É o próprio Guilliman", disparou o homem de moicano, avançando pela estrada e emparelhando com Draik. Era truculento, trinta centímetros mais alto que o capitão, e segurando um malho tão grande quanto seu braço, afiado aos moldes de uma maça.

"Não deixem esse maldito fugir", gritou o bruto, gesticulando com a arma na direção do animal que se arrastava pela via. Seus homens se apressaram, chutando a criatura para dentro de um contêiner incendiado.

"Capitão Draik, né?", disse, pressionando seu peito cheio de graxa contra a águia imperial da couraça de Draik, ofuscando-lhe o brilho.

Draik deu um passo para trás e limpou o peitoral. "Você não me disse seu nome".

"Sou o Imperador", zombou o homem, provocando risadas do resto da gangue.

"Encantado. Estou atrás de um piloto. Alguém que saiba chegar nos Dentes de Dragão".

"Dentes de Dragão? Não há nenhum Dente de Dragão".

O homem olhou para seus companheiros, que pararam de atormentar o animal e o encararam de volta. "Que idiota te disse que eles existiam? Ninguém nunca os viu. Eles não existem".

O animal encarcerado rosnou e avançou, tentando se libertar, até que gangue o atacou com renovada violência, chutando-o de volta.

"O que vocês capturaram ali?", perguntou Draik, encarando a penumbra. As lentes térmicas em seu implante ocular clicaram, focando o contêiner. O animal se debatia, e sua silhueta era difícil de discernir. Era maior do que um um homem, ele podia perceber. Parecia bípede, mas com patas articuladas para trás, e garras no lugar dos pés.

"Um antropófago", disse o moicano. "Não se preocupe, vamos matá-lo. Só estamos nos divertindo. É uma caçada".

Os demais riram e Draik sentiu-se ainda mais repugnado. Eles pareciam ser a manifestação de tudo de mais infame que observara nas últimas horas. Sua mão deslizou involuntariamente até o punho da espada energizada.

"Capitão", disse Isola, atrás dele, sentindo o perigo iminente.

Draik não costumava demonstrar emoção em tais situações, mas eles tava cansado e frustrado. Ele não pôde conter o desprezo em sua voz: "Suas caçadas costumam envolver alvos feridos, desarmados e em menor número?"

A expressão do homem mudou quando viu Draik tocar a espada. "Caçamos o que queremos". Segurou a maça com ambas as mãos e a apoiou nos ombros. Seu rosto era disforme, cortado por cicatrizes e coberto de sujeita, mas seus olhos brilhavam ao encarar a pistola dourada na cintura de Draik.

Draik ergueu uma sobrancelha e levantou a espada, em uma guarda mais livre. Sabia que deveria deixar a escória com seus afazeres, mas as palavras de Isola ainda ecoavam em sua cabeça. Era hora de ir. Raiva e frustração aceleraram seu pulso, e um sorriso felino surgiu em seu rosto.

"Grax", disse o brutamontes. "Fura esse cara".

Um homem com uma laspistol deixou o animal cambaleante e apontou sua arma para Draik, que girou os calcanhares sutilmente e avançou pela via em direção ao homem.

Grax disparou, iluminando os destroços; Draik desviou do tiro, que se perdeu no espaço. O homem olhou em volta, xingando, apontando a arma para as sombras.

Draik voltou a aparecer, segurando o mesmo cabo que usara para descer até a passagem. Sua espada emitia um brilho cobalto quando deslizou através do ombro de Grax, fazendo-o soltar a arma e recuar, gritando de dor.

Mais tiros iluminaram a escuridão, cobrindo Draik de estilhaços enquanto ele balançava pelo ar. Largou o cabo e se lançou sobre suas cabeças, golpeando incansavelmente e aterrissando no meio do grupo, deixando para trás um rastro azulado.

Os homens estremeceram, segurando as feridas, derramando sangue e gritando, confusos.

O moicano correu em sua direção, gritando e girando sua maça.

Draik esperou calmamente, o braço erguido, mal segurando a espada. No último segundo, fez uma finta, e seu inimigo a acompanhou, lançando-se em uma direção enquanto o mercador desviava para o outro lado e enterrava a espada em sua garganta.

O homem girou, preparando um novo ataque, sem notar o ferimento. Aproximou-se de Draik e tentou falar, mas suas palavras vieram com uma tosse ensanguentada. Cambaleou, confuso, tentando segurar o sangue que lhe corria peito abaixo.

Draik abaixou a espada e recuou, fazendo outra reverência quando o homem caiu de joelhos, tentando respirar. Então sentiu uma movimentação à sua esquerda e saltou, desviando de outro tiro. Girou e esquivou, circundando seu atacante em um movimento gracioso, e atravessou-lhe o peito com as chamas azuis.

Mais tiros ressoaram, mas vindos de Isola, que seguira Draik até o centro da rua e silenciara outro homem com um tiro na cabeça.

Draik caminhou de volta até o líder, caído no chão, coberto de sangue. Dera um fim aos seus dias de caçada. Procurou outros atacantes, todos mortos ou arrastando-se para longe, gemendo na escuridão. Limpou e guardou sua lâmina, examinando seu acabamento.

Seu sangue gelou ao encarar Isola. Não precisava de palavras, sua expressão era clara: aquilo não era digno dele.

"Leve-me de volta para a Vanguarda", disse, frustrado. "Preciso de ar fresco e um bom conhaque".

"Espere!"

Os dois se viraram, pistolas em punho. O animal deixara o contêiner e viera à luz.

O alienígena era humanoide, mais alto e esguio que um homem. Sua cabeça era comprida, cônica e aviária, com uma alta crista de espinhos e mandíbulas parecidas com um bico. Sua pele era farpada e rígida como uma carapaça, agora partida por dezenas de golpes.

"Um kroot?", questionou Isola, perscrutando-o das sombras.

Draik assentiu com a cabeça. Manteve a arma apontada, mas não disparou, permitindo a aproximação do estranho.

"Você me salvou", disse o alienígena. Falava gótico muito bem, pronunciando as palavras mais claramente do que os homens que Draik acabara de matar. Sua garganta não podia prescindir de seus traços raciais, então as palavras eram acompanhadas por uma sinfonia de cliques e assobios.

"Ainda não decidi", disse Draik, apontando a arma para a cabeça da criatura.

O kroot cambaleou para o lado, então se apoiou no contêiner para manter-se de pé. Draik se aproximou, mantendo a arma apontada.

O hominídeo travou seu bico algumas vezes, como se mastigasse. "Você procura os Dentes de Dragão, eu escutei. Bem perto da cidadela. Você veio a Precipício para saquear a Pedranegra, assim com todos os outros. Mas precisa de um piloto para alcançar o Cofre de Ascuris.

Draik abaixou a arma, surpreso. "Como sabe que procuro o Cofre? Eu não falei nada sobre isso aqui".

"Então porque escolheria esta rota? Os Dentes de Dragão são inavegáveis. Apenas um louco tentaria. Ou alguém que precisa ir ao Cofre de Ascuris. E você não parece louco".

"Você parece entender do assunto".

"Eu estive nos Dentes de Dragão".

Draik franziu a testa. Talvez ele não fosse o único a perceber a importância do Cofre. "Pra que?"

"Fui contratado. Por um padre chamado Taddeus. O Cofre é sagrado".

O kroot agachou-se e abriu a boca de um dos cadáveres. Draik observou, enojado, o alienígena retirar algo de seu casaco e depositar na boca do cadáver, sussurrando enquanto o fazia.

"Você buscou o cofre por motivos religiosos", interrompeu Draik.

O kroot meneou a cabeça, enquanto se aproximava de outro cadáver. "Eu não. Não sei nada sobre essas coisas".

A criatura era dispersa, mas o capitão insistiu. "Então eram os padres que procuravam o cofre por razões religiosas?"


"Taddeus tinha visões", disse o kroot, apressando-se para colocar algo na boca de outro corpo, novamente entre murmúrios.

"Você viu o cofre?"

O kroot fez que não com a cabeça, ainda lidando com aquilo que depositara nas bocas dos mortos, e lambendo as garras, como um chef testando temperos. "Os padres ficaram estranhos. Então morreram. Não encontraram nenhum cofre. Taddeus retornou, mas ele já era insano desde sempre".


Após seu estranho ritual, ele voltou para perto de Draik. Observou os corpos e fez novos cliques com o bico. "Eles não comem carne de kroot, e ainda assim me matariam. Não faz sentido". Então olhou para Draik. "Eu te ajudarei a chegar ao cofre, e te manterei vivo".


"Você é o piloto que atravessou os Dentes?"

"Não, mas posso te levar a ela".

"E o que você quer em troca?" Sobreviver em Precipício significava lidar com espécies que Draik mataria imediatamente. As brutais leis da fronteira criaram uma frágil igualdade que jamais fora vista em outro lugar. Apesar das leis de Precipício, Draik não podia conter o desprezo em lidar com o alienígena. A criatura era selvagem. Seu corpo era coberto por tatuagens e cicatrizes rituais, e amuletos feitos de ossos. Observando atentamente, o mercador viu dezenas de gaiolas penduradas nos braços da criatura, todas contendo insetos mutilados - moscas e besouros com patas e asas removidas, mas ainda vivas, zumbindo furiosas enquanto se moviam. Eram as coisas que ele introduzia nos corpos.

"Devo pagar meu débito". O kroot olhou para sombra erguida sobre eles. "A  Pedra negra nos uniu. Não questione seus desígnios".

Draik olhou para a escuridão. "Há muitas coisas lá, kroot, mas desígnios não estão entre elas".

"Meu nome é Grekh".

"Grekh", disse abaixando a pistola. "Sou o Capitão Janus Draik. Esta é minha assistente, Isola".

Grekh não respondeu. Apoiou-se em uma das tubulações, tentando reaver o fôlego, aparentando sentir dor.

"Isola, supressores de dor".

Grekh meneou a cabeça e gesticulou afastando Isola. Vasculhou as gaiolas presas aos seus braços e removeu um dos agitados insetos. Tomou-o em seu bico e fechou os olhos por um momento.

Respirou fundo e se ergueu. Olhou para Draik e Isola, equilibrando-se em suas longas pernas de ave. Seus olhos eram inescrutavelmente brancos.

"Ninguém jamais chegou ao Cofre de Ascuris, é loucura tentar. Mas o padre acreditava nisso. Ele sonhava acordado. Se é loucura que procura, te levarei lá. Vou te levar à piloto".

"Meu informante, Tor Gaulon, nos disse que o piloto estava aqui, no Emaranhado".

"A piloto é uma desertora. Audus. Não está aqui. Sua Armada pôs uma recompensa pela cabeça dela. O crime foi sério. O Emaranhado não é seguro para ela agora. Mas posso encontrá-la; devemos ir ao Timoneiro.

"Uma desertora? Já estávamos a caminho do Timoneiro, de qualquer forma. Uma pequena investigação não fará mal. Você pode nos acompanhar até lá, Grekh, e se você nos pôr em contato com um verdadeiro piloto, será recompensado".

Grekh negou com a cabeça. "Minha recompensa é ir com vocês".

"Para onde?"

"Atravessar os Dentes. Até a Insondável. Para o Cofre de Ascuris".

Draik riu, surpreso com a presunção da criatura, que manteve a confiança.

"Há um preço. Prometa me levar. Eu te levarei à piloto e salvarei sua vida".

Isola não podia conter sua indignação. "Você está tentando exigir algo do Capitão Draik?"

Draik acenou, interrompendo-a. "Se ele falhar em nos dar algo de valor no Timoneiro, nos separaremos".

"Prometa", disse Grekh em um tom agressivo.

Draik ignorou os modos rudes da criatura e considerou a oferta. Era improvável que o alienígena pudesse levá-lo ao Cofre de Ascuris. Se Grekh realmente fosse capaz de tal feito, tê-lo em sua companhia seria um preço módico a ser pago. Ele assentiu.

"Muito bem. Se você nos garantir a passagem ao Cofre, eu prometo, como herdeiro da venerável Casa Draik, que você me acompanhará como minha escolta pessoal".

Grekh rugiu e tomou a dianteira através da via, caminhando em sua maneira peculiar.

Enquanto o acompanhava, Isola viu o brilho nos olhos de Draike e balançou a cabeça, em desaprovação. "Ambiciosa, certamente", resmungou.


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