Argumentos contra a Semântica de Condições de Verdade

Neste capítulo pretendo investigar três argumentos relativos aos predicados de gosto pessoal: o Argumento do Operador, o argumento da inocência e o argumento da discordância . Os primeiros argumentos são adaptados de argumentos similares propostos para outros tipos de expressão, ao passo que o último cumpre um papel central na discussão sobre predicados de gosto pessoal desde seu surgimento. Diversos filósofos propõem variações destes argumentos para expressões diferentes geralmente os utilizam para fundamentar a natureza relativista de tais expressões. Pretendo, no entanto, que tais argumentos a respeito de predicados de gosto pessoal podem ser utilizados contra a semântica de condições de verdade.

O Argumento do Operador aqui proposto é adaptado daquele empregado por Kaplan (1989) no tocante à introdução de parâmetros incomuns nas condições de avaliação, tais como tempo, locais e padrões de precisão, e como veremos, é alvo de críticas de autores como Cappelen e Hawthorne (2009); adianto que a proposta que apresento descarta certas pressuposições feitas no argumento original, sendo imune aos problemas como os apresentados pelos autores acima.

Antes disso, preciso descartar a ideia de que o Argumento do Operador, mesmo sendo válido, não pode fundamentar uma tese relativista. Em seguida, abordarei a discussão sobre a noção de "discordância", a fim de defender que a semântica de condições de verdade sobre predicados de gosto pessoal precisa lidar com o fato de que é incapaz de lidar com casos nos quais a discordância não é contabilizada, pelo menos não sem se comprometer com mais hipóteses.

Finalmente, apresentarei um argumento contra a semântica de condições de verdade para predicados de gosto pessoal adaptado da defesa recanatiana do temporalismo, baseada na ideia de "juízo-inocência".

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